Por que os EUA querem banir o TikTok?
O TikTok não surgiu por acaso. Seu crescimento explosivo é resultado de uma combinação poderosa de algoritmos avançados, vídeos curtos viciantes e uma geração que aprendeu a se expressar dançando, dublando, opinando e viralizando em segundos.
Criado pela empresa chinesa ByteDance em 2016 (a partir da fusão com o app Musical.ly), o TikTok se transformou em um fenômeno global. Em pouco tempo, a plataforma se tornou uma das mais baixadas do mundo, alcançando bilhões de usuários com um público notadamente jovem e engajado.
Hoje, o TikTok é mais do que um app: é um palco global onde a cultura, os negócios e até a política se encontram e colidem. Mas como algo aparentemente tão leve e divertido pode se tornar um problema geopolítico de proporções gigantescas?
Essa é a pergunta que paira sobre o ar, e é justamente sobre isso que falaremos neste artigo. A partir de agora, vamos explorar os principais motivos que têm levado os Estados Unidos a travar uma verdadeira batalha contra o TikTok. Spoiler: não tem nada a ver com dancinhas.
O medo do controle chinês sobre os dados dos americanos
O ponto mais sensível e frequentemente citado pelos governos norte-americanos é o receio de que o TikTok, por ser de propriedade da ByteDance, uma empresa com sede na China, esteja sujeito às leis do Partido Comunista Chinês.
Em tese, isso significaria que qualquer dado coletado de usuários nos EUA poderia ser solicitado pelo governo chinês, mesmo sem consentimento. Em uma era em que dados são o novo petróleo, essa possibilidade assusta.
Não é apenas o nome, a idade ou os vídeos postados. O TikTok coleta informações sobre localização, padrões de navegação, comportamento de consumo, microexpressões e tempo de atenção dados que podem ser usados para fins que vão muito além da publicidade.
A guerra fria digital entre EUA e China
Por trás da discussão sobre o TikTok está uma disputa muito maior: a hegemonia tecnológica global. Durante décadas, os Estados Unidos dominaram as grandes plataformas digitais. Google, Facebook, Amazon e Apple criaram um império que exportava tecnologia e cultura ao mundo.
A chegada de um app chinês que ameaça essa liderança acende o sinal de alerta. O banimento do TikTok, para muitos analistas, é uma resposta estratégica a esse avanço. Não se trata apenas de segurança cibernética, mas de manter o poder simbólico e tecnológico no Ocidente.
O impacto geopolítico da influência cultural
O TikTok é hoje um dos maiores influenciadores culturais do planeta. Ele molda tendências, impulsiona produtos, viraliza causas sociais e até interfere em eleições.
Quando uma empresa estrangeira, especialmente de uma nação rival, controla esse grau de influência, os alarmes tocam. O governo dos EUA teme que o TikTok possa ser usado para manipular narrativas, desinformar em massa e polarizar ainda mais uma sociedade já bastante fragmentada. Isso se agrava em períodos eleitorais, onde fake news podem viajar a velocidade de um swipe.
A pressão do Congresso e o Projeto de Lei de banimento
O Congresso americano vem discutindo projetos de lei para proibir o TikTok no país. O mais recente prevê que a ByteDance venda o TikTok a uma empresa americana sob pena de proibição. Isso levanta um dilema ético e político: até que ponto um país democrático pode limitar o acesso de seus cidadãos a uma plataforma pública?
Os defensores do banimento afirmam que a segurança nacional deve prevalecer. Já os críticos alertam para os riscos de censura, violação da liberdade de expressão e precedentes perigosos para outras empresas de tecnologia.
O TikTok já foi banido em outros países
Vale lembrar que os Estados Unidos não estão sozinhos nessa jornada. A Índia, por exemplo, já baniu o TikTok em 2020, alegando riscos à soberania e à segurança digital. Outros países adotaram medidas restritivas, como proibições em dispositivos governamentais.
O que está em jogo aqui é um movimento global de redefinição das regras do jogo digital. Quem pode controlar a informação? Quais os limites éticos para a coleta de dados? E quem está vigiando os vigilantes.
Os jovens norte-americanos estão ao lado do TikTok
Curiosamente, enquanto os políticos pressionam pelo banimento, uma grande parte da juventude americana defende o TikTok com unhas e dentes. A plataforma se tornou uma ferramenta de expressão, empreendedorismo e até de resistência política para muitos jovens. Influencers, pequenos negócios, artistas e ativistas encontraram no TikTok um canal direto com o público. Isso cria um dilema interno nos EUA: como banir uma plataforma que se tornou tão central para a vida de milhões, sem provocar uma reação popular negativa?
O TikTok se defende: Servidores nos EUA e transparência
A empresa ByteDance tem respondido às acusações com ações práticas. Uma das principais iniciativas foi o chamado “Project Texas”, que pretende armazenar todos os dados de usuários norte-americanos em servidores localizados nos EUA, sob controle da Oracle. Além disso, a empresa vem se esforçando para tornar seus algoritmos mais transparentes e mostrar que não há interferência direta do governo chinês. Mas, até agora, essas iniciativas não foram suficientes para acalmar os ânimos em Washington.
O que está realmente em jogo: Soberania digital x liberdade individual
No fim das contas, o caso TikTok revela uma tensão mais profunda entre soberania digital e liberdade individual. De um lado, governos tentando proteger seus cidadãos e seus dados de interferências externas. Do outro, pessoas que querem manter o direito de escolher onde se informam, se divertem e se expressam.
A discussão não é apenas sobre um aplicativo, é sobre o futuro da internet como espaço livre, aberto e global. E, talvez, sobre o medo que o Ocidente tem de ver sua supremacia cultural sendo reprogramada, 15 segundos por vez.
Mas não acha que estamos chegando no fim, e se o TikTok for só o começo?
Banir o TikTok pode até ser uma medida simbólica, mas não resolverá o problema maior: o mundo está mudando. O Oriente ganha força no digital. Novas plataformas surgirão. A inteligência artificial colocará ainda mais camadas de complexidade nessa equação. E talvez, no fundo, o que mais assusta os EUA não seja o TikTok em si, mas o fato de que eles não estão mais sozinhos no comando do espetáculo.
Como você viu, gerar conhecimento está no DNA da Incandescente, se quiser bater um papo conosco, agende um momento com nosso time.
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Sobre o autor,
Benício Filho – Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, e Filosofia pela universidade Dom Bosco, Mestre pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação, MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Atua no mercado de tecnologia desde 1998. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Sócio da Core Angels Atlantic (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, e sócio fundador da Atlantic Hub e do Conexão Europa Imóveis ambos em Portugal, atua como empresário, escritor e pesquisador das áreas de empreendedorismo, mentoring, liderança, inovação e internacionalização. Em dezembro de 2019, lançou o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”, em dezembro de 2020 seu segundo “Do Caos ao Recomeço”, e em janeiro de 2022 o último publicado “ Metamorfose Empreendedora”.